sábado, 25 de agosto de 2012

A FORÇA DA DEMOCRACIA



Alexandre Aragão de Albuquerque


Conta-se que num país não muito distante milhões de seus habitantes eram excluídos do uso do bem da energia elétrica em suas residências, em pleno século XXI. Os governos até então nada tinham feito por essas populações.

Ao tomar posse por meio do sufrágio universal popular, vitorioso nas eleições presidenciais diante do candidato da situação, uma das primeiras iniciativas do governo do Presidente recém-eleito foi a de criar um programa cujo desafio era o de acabar com a exclusão elétrica em seu país, com a meta de levar o acesso à energia elétrica, gratuitamente, para mais de 10 milhões de pessoas do meio rural. 

O mapa da exclusão elétrica daquele país revelava que as famílias sem acesso à energia estavam majoritariamente nas localidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano e nas famílias de baixa renda. Cerca de 90% delas têm renda inferior a três salários-mínimos.

Na reunião com o grupo de trabalho de técnicos que estudaram como implantar o programa, o Presidente teve uma grande decepção. Os tecnocratas apresentaram-lhe uma dezena de obstáculos para a implantação do referido programa. 

Ao final, após ouvi-los pacientemente, o Presidente disse ao grupo de profissionais que não estava ali para escutar deles a relação de obstáculos para a implantação daquela política pública, mas para saber que procedimentos deveriam ser adotados para os respectivos obstáculos serem superados. Com sua sensibilidade política, perguntou-lhes: “Vocês já viveram em uma residência e numa comunidade sem luz elétrica?”. 

E concluiu: “Este programa que objetiva disponibilizar luz para todos será implantado. Caso vocês não tenham a capacidade de encontrar soluções, nós podemos convidar outros profissionais para compor um novo grupo de trabalho”.

Ao final, ele decidiu conceder àqueles profissionais mais quarenta e cinco dias de prazo para realizarem pesquisas e estudos que viabilizassem a implantação da política pública de inclusão de energia elétrica. Finalmente, findo o prazo estabelecido, os técnicos apresentaram um projeto capaz de viabilizá-la.

O objetivo da política pública que viabiliza luz para todos ficou assim definido: “que a energia seja um vetor de desenvolvimento social e econômico dessas comunidades, contribuindo para a redução da pobreza e aumento da renda familiar. A chegada da energia elétrica facilitará a integração dos programas sociais do governo federal, além do acesso a serviços de saúde, educação, abastecimento de água e saneamento”.

Sabe-se que até a presente data o Programa já alcançou cerca de 14,4 milhões de moradores rurais daquele país. 

Mas os benefícios da chegada da energia elétrica vão além. Estima-se que as obras do Programa tenham gerado cerca de 439 mil novos postos de trabalho e utilizado 1 milhão de transformadores e mais de 7,3 milhões de postes, dos quais 13,3 mil foram desenvolvidos com nova tecnologia utilizando resina de poliéster reforçada com fibra de vidro, que facilitou seu transporte pelas estradas e rios, já que por serem mais leves e por flutuarem, dispensam o uso de caminhões, muitas vezes intrafegáveis.

Foram empregados também 1,4 milhão de km de cabos elétricos, parte deles subaquáticos para a travessia de rios, vencendo distâncias que antes não poderiam ser alcançadas. Só num único estado, foram utilizados 28 mil metros de cabos elétricos colocados dentro dos rios. Além disso, a economia também se beneficia com a instalação da eletricidade no campo. A pesquisa de impacto realizada no ano de 2009 mostrou que 73,3% passaram a ter geladeiras em suas casas e 24,1% compraram bombas d’água, entre outros.

Isso é resultado da política, daquela força estranha chamada democracia.